A Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) completou, em março de 2024, 20 anos de atuação e celebrou as realizações em prol do setor florestal e a construção do Plano Bahia Florestal 2033, com o Governo do Estado, que visa ampliar a área plantada de florestas para fins industriais e, com isso, também estimular os investimentos atuais e atrair novas oportunidades para aumentar o volume de madeira processada no estado.
Com o Plano Bahia Florestal 2033 será possível fazer um diagnóstico para poder entender onde, como e quando podemos intensificar nossa atuação e contribuir com a economia do estado. Vamos colocar em prática tudo que é possível, pois a Bahia (e o Brasil) tem recursos e oportunidades que precisamos utilizar.
O Brasil lidera o ranking global de produtividade florestal (referência mundial e alto fator da competitividade do setor), com uma média IMA (m³/ha.ano) de 35,7 m³/ha/ano para os plantios de eucalipto, enquanto que seus principais concorrentes ficam atrás: China 29 m³/ha/ano, EUA 10 m³/ha/ano, Rússia 5,0 m³/ha/ano e Canadá 4,5 m³/ha/ano.
O avanço em qualidade e produtividade é resultado do esforço do setor florestal, da competência e da criatividade dos pesquisadores e cientistas brasileiros, em todos os segmentos técnicos da produção de florestas. A produtividade média das florestas de eucalipto na Bahia também reflete a eficiência e o manejo sustentável adotado pelos produtores florestais do estado.
Na Bahia, as florestas plantadas representam apenas 1,2% da extensão territorial do estado, porém são responsáveis por 98% da produção de madeira destinada à indústria.
Mas nosso estado tem espaço para novos plantios. As áreas degradadas na Bahia totalizam 9,4 milhões de hectares, representando um potencial para aumento de até 14 vezes a área atual ocupada com silvicultura. Essa estatística aponta para a possibilidade de expansão significativa do setor florestal no estado, contribuindo, ainda, com os compromissos brasileiros para a recuperação de áreas degradadas e os acordos de mitigação de mudanças climáticas.
Toda essa discussão é oportuna no momento em que cresce a demanda por madeira no Brasil e no mundo. A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) contabiliza investimentos de R$ 60 bilhões no setor, nos próximos três anos. É preciso que a Bahia esteja preparada para atrair parte desses novos investimentos, seja em ampliações ou novas indústrias.
Objetivos - Para construir o Plano Bahia Florestal 2033, a ABAF está planejando o trabalho em conjunto com um grupo forte e diverso formado por representantes do Governo do Estado (por meio da SDE, Seagri, Sema, Seplan, Seinfra, SDR, Setre, Sefaz, SSP e Casa Civil), da FAEB, FIEB, Sebrae Bahia, MAPA/BA, UPB, Desenbahia, Banco do Nordeste, entre outros.
O objetivo é ampliar e fortalecer a cadeia produtiva de florestas plantadas para que a Bahia atenda plenamente a demanda de madeira dos mais importantes segmentos da economia do estado (mineração, papel e celulose, construção civil, projetos de energia, processamento de grãos e fibras etc.).
Pretendemos viabilizar novos contratos de produção e fornecimento de madeira entre os produtores e processadores, através de serrarias, madeira tratada, fabricantes de móveis etc.
Tudo isso significa, ainda, incrementar as áreas de preservação e outras contribuições ambientais, sociais e econômicas, principalmente no interior do estado, contribuindo com a maior descentralização da economia na Bahia.
A Bahia já é um importante player no setor, contando com cinco polos de produção e processamento de madeira: Sul e Extremo Sul, Sudoeste, Oeste, Litoral Norte e surgindo um na região de Maracás. O setor de árvores cultivadas movimenta o comércio e os serviços locais dos municípios onde estão instalados os plantios, bem como as indústrias e toda a cadeia de suprimentos que faz desta uma das atividades que mais tem contribuído para a transformação social e econômica de diferentes regiões. Leva ao interior mais empregos qualificados, capacitações, tecnologia, renda, impostos e contribuições sociais e ambientais de elevada significância.
Vamos também intensificar o que já temos feito para o uso múltiplo da madeira e estimular ainda mais a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), a diversificação e a sustentabilidade das atividades rurais com a inclusão dos pequenos e médios produtores e processadores de madeira.
As empresas de base florestal têm diferentes programas de fomento, financiamento, transferência de tecnologia e manejo, além de garantia da compra da madeira. Tudo isso voltado para o pequeno e médio produtor rural que podem passar a contar com essa renda adicional na sua propriedade.
Esse programa de fomento e estímulo a pequenos e médios produtores independentes (que hoje representa mais de 22% do consumo de madeira das indústrias associadas) cresce cerca de 10% ao ano e contribui para a geração de emprego e renda nos municípios. Com 110 mil hectares e 547 contratos, a área de fomento florestal das associadas ABAF representa 16% da área florestal plantada no estado.
Comunidades empreendedoras e assentamentos sustentáveis também fazem parte da cadeia produtiva com produtos madeireiros e não madeireiros, de forma totalmente integrada.
Para contribuir ainda mais para a maior descentralização da economia do estado, o Plano também leva em conta o incentivo de novos investimentos agroindustriais que podem se beneficiar das novas infraestruturas implantadas em torno da Ferrovia de Integração Oeste - Leste (Fiol), da Centro-Atlântica (FCA) – esta que vai cortar a Bahia de Norte a Sul – e do novo Porto Sul.
Outros benefícios
O setor florestal na Bahia apresenta dados que evidenciam sua importância, benefícios, potencial econômico, social e ambiental. Com uma área plantada de 700 mil hectares, o estado ocupa o 4º lugar no ranking nacional em relação à área com eucalipto no país, seguindo Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e São Paulo. As associadas da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF) são responsáveis por 74% (492 mil hectares) do total plantado no estado, demonstrando seu protagonismo.
Além disso, as associadas preservam 400 mil hectares em suas propriedades, desempenhando papel importante na preservação do meio ambiente.
As empresas de base florestal intercalam os plantios industriais (sempre em área degradada) com as áreas de conservação. Isto auxilia na manutenção de um solo fértil, no cuidado com a água e na preservação da biodiversidade.
As associadas da ABAF contribuíram com a absorção de 258 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2022. Os setores de produtos florestais e construção com madeira têm função importante nas questões climáticas, devido à contribuição para preservação florestal e ao armazenamento de carbono em produtos por décadas, alinhados às soluções tecnológicas de baixo carbono.
A produção de madeira em tora totalizou 13,5 milhões de metros cúbicos em 2022. Na produção industrial das associadas ABAF, o destaque foi a celulose, que despontou como o carro-chefe da indústria florestal baiana, totalizando 3,4 milhões de toneladas.
O Produto Interno Bruto (PIB) do setor florestal na Bahia atingiu aproximadamente R$ 25 bilhões, representando em torno de 6% do PIB total do estado. O setor contribuiu com a geração de impostos em aproximadamente R$ 6 bilhões em 2022. Essas conquistas são resultado das ações das instituições atuantes na atividade que contabiliza 3 mil empresas no estado.
A Bahia registrou um saldo positivo na balança comercial de US$ 1,78 bilhão em 2022. Ocupando o 6º lugar no ranking nacional de exportações, o setor florestal se mantém entre os três principais segmentos exportadores do estado. Esse resultado confirma a capacidade competitiva do produto florestal baiano nos mercados internacionais, representando 13% das exportações estaduais.
O setor proporciona também benefícios socioeconômicos para mais de 226 mil pessoas de forma direta, indireta e pelo efeito-renda no estado. As associadas da ABAF, por sua vez, são responsáveis por 13,9 mil empregos diretos no setor florestal no estado (58% dos 23,9 mil empregos diretos na Bahia), evidenciando seu importante papel na geração de oportunidades de trabalho. Além disso, o salário médio do setor foi três vezes maior que a média geral no estado em 2022.
Os investimentos na área produtiva das associadas da ABAF ultrapassaram R$ 2,1 bilhões em 2022, refletindo o compromisso dessas empresas com a modernização e a expansão do setor. Voluntariamente, as associadas aportaram R$ 26 milhões em investimentos socioambientais.
O desenvolvimento de um plano como o Bahia Florestal 2033 pode ajudar a tirar travas, incentivar o crescimento econômico, atender a crescente demanda por produtos de madeira, gerando ainda, principalmente no interior, mais empregos qualificados, capacitações, tecnologia, renda, impostos e contribuições ambientais de elevada significância. E, com tudo isso, fazer da Bahia mais uma vez exemplo para todo o país.